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Internacional
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Extrativistas fecham acordo de exportação de açaí em pó

Ribierinhos de Bailique, no Amapá, terão retorno de até R$ 2,4 milhões por mês com vendas para os EUA

Por Cleyton Vilarino — São Paulo19 de maio de 2024 às 09:00
Extrativistas fecham acordo de exportação de açaí em pó

Os extrativistas do arquipélago de Bailique, no Amapá, realizarão este ano sua primeira exportação direta de açaí para os Estados Unidos com a contratação inicial de dez toneladas do produto liofilizado, processo de beneficiamento que permite comercializar a polpa em pó. O volume supera o total exportado pelo Estado em 2023, quando foram embarcadas 3,9 toneladas do produto, segundo informações do Ministério da Agricultura.

No Brasil, no ano passado, o total de exportação de açaí foi de 68,8 toneladas, das quais 71% vieram do Pará. Os Estados Unidos são o principal mercado para mais de 90% das exportações, que atualmente são realizadas majoritariamente por grandes empresas que compram a produção de comunidades extrativistas ou grandes produtores responsáveis pelo cultivo do açaí.

No caso de Bailique, o contrato de exportação foi diretamente feito pelos produtores através da cooperativa AmazonBai, fundada em 2017 e composta por 144 cooperados. Segundo o presidente da cooperativa, Amiraldo Picanço, essa transação deve gerar um retorno de R$ 2,4 milhões para a comunidade e aumentar a produção local de 75 toneladas anuais para 350 toneladas este ano.

Diferentemente de uma empresa, em que o lucro é distribuído entre os proprietários, no caso da cooperativa, o resultado será dividido de maneira justa e igualitária entre todos os cooperados. Para cada tonelada de açaí em pó, a cooperativa precisará processar nove toneladas do fruto in natura, possibilitando o aumento do volume comprado dos associados.

Atualmente, aproximadamente 20% do açaí produzido pelos cooperados é adquirido pela AmazonBai, e a expectativa é que esse número suba para até 50% com o início das exportações. A meta é alcançar 65% da produção dos cooperados por meio da terceirização do processamento, destinando entre 15% e 25% para o consumo local.

Com uma política de preço fixo ao longo de toda a temporada, a cooperativa tem conseguido pagar em média até 30% a mais pelo açaí dos cooperados, evitando as flutuações de mercado que podem variar de R$ 25 a R$ 300 por lata. Com a versão desidratada do produto, estima-se que os produtores recebam um valor até 400% superior ao pago pela polpa in natura.

De acordo com Andrea Azevedo, diretora executiva do Fundo JBS Amazônia, que tem auxiliado a cooperativa na profissionalização de sua gestão, a liofilização do açaí foi um passo estratégico para os extrativistas conquistarem o mercado internacional. Ela explica que o açaí liofilizado dispensa a necessidade de logística refrigerada, o que aumenta a durabilidade do produto e permite a exportação.

Além dos Estados Unidos, a AmazonBai também está em negociações para enviar o açaí em pó para outros quatro países. A expectativa é que a cooperativa cresça e se torne um centro de beneficiamento e exportação do fruto na região amazônica.

Com o sucesso desse canal de comercialização, outras cinco cooperativas já demonstraram interesse em vender para a AmazonBai. Esse modelo pode ser expandido para outras comunidades próximas, como uma cooperativa de segundo grau, para trabalhar a comercialização e industrialização local.

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