Preço do trigo sobe devido à incerteza na oferta do RS
Previsão de redução da janela de plantio devido às chuvas já impacta preços no varejo, alertam moinhos

O plantio de trigo no Rio Grande do Sul, que estava programado para o final deste mês ou início de junho, será afetado pelas recentes inundações no Estado, o que deve diminuir a oportunidade ideal de cultivo. Como resultado, os preços do cereal já estão sendo especulados no mercado, com o valor de referência do trigo argentino direcionado ao porto de Rio Grande aumentando 30% em pouco mais de 20 dias, atingindo R$ 290 por tonelada.
Essa elevação de preços está impactando os custos dos moinhos, o que levará a um aumento nos preços das farinhas para os consumidores em junho. Com a matéria-prima representando 70% dos custos de um moinho, a necessidade de repor o estoque de trigo devido aos problemas de abastecimento resultará em um repasse no mercado, conforme apontado por Christian Saigh, presidente do Sindustrigo-SP e Abitrigo, além de presidir o moinho Santa Clara.
Os desafios não se limitam ao Rio Grande do Sul, uma vez que secas afetam as plantações nos Estados Unidos, na Europa e na Rússia, incluindo uma redução na estimativa da colheita russa para 2024/25. A Argentina, principal fornecedora de trigo para o Brasil, também enfrenta pressões devido a essa conjuntura, o que deve gerar a necessidade de importação entre 5,5 milhões e 6 milhões de toneladas pelo Brasil.
Mesmo diante das adversidades, a Argentina prevê um aumento na área de plantio de trigo e na produção em 2024, com a venda futura do cereal já em curso no país. No entanto, a situação no Brasil permanece incerta, especialmente no Rio Grande do Sul, onde as enchentes prejudicaram o plantio e a Conab precisará reavaliar suas projeções quando as águas baixarem.
A expectativa é de atraso no plantio de trigo em algumas regiões-chave do Rio Grande do Sul, o que pode resultar em uma redução na área plantada em relação às previsões iniciais. O mercado continuará monitorando possíveis impactos nos preços do trigo, enquanto a possível safra americana pode influenciar a tendência.
Por fim, o Brasil possui restrições de importação de trigo de fora do Mercosul, mas em casos de escassez, o governo já demonstrou disposição em aumentar a cota permitida. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, indicou que, apesar dos desafios enfrentados pelos produtores, não há preocupação com áreas não plantadas, sugerindo que o setor terá tempo para se recuperar e iniciar a reconstrução.
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Por Fernanda Pressinott — São Paulo
Jornalista especializado em Agronegócio
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