Relatório indica que preços do trigo e milho são impactados por mudanças climáticas globais em junho
Secas, geadas e excesso de umidade reduzem projeções de produção enquanto importações brasileiras atingem maior nível em quatro anos

Condições climáticas severas no Mar Negro e na Europa — incluindo secas, geadas e excesso de umidade — reduziram significativamente a expectativa de produção de trigo e reacenderam preocupações sobre a oferta mundial. Juntas, essas regiões representam cerca de 45% das exportações globais do cereal.
✨ Trigo acumulou queda de 17,4% em Chicago em junho, cotado a USD 5,54 por bushel.
Na bolsa de Chicago, o trigo registrou forte volatilidade em junho devido aos impactos climáticos nos principais polos produtores. Enquanto Europa e Mar Negro enfrentaram perdas significativas, a melhora das lavouras nas planícies americanas ajudou a conter altas mais intensas nos preços. A dinâmica do milho também limitou avanços, servindo como referência de teto para o trigo.
Reação do mercado brasileiro
Com a entressafra reduzindo a oferta doméstica, produtores brasileiros dependeram de importações, que mantiveram os preços alinhados ao cenário internacional. A combinação entre a valorização do trigo nos portos e a desvalorização cambial elevou os preços internos. No Paraná, o indicador CEPEA registrou R$ 1.527 por tonelada no início de julho, alta de 5,2% em 30 dias.
As importações brasileiras cresceram expressivamente: foram 605 mil toneladas em junho, aumento de 90% frente ao mesmo mês de 2024. No acumulado do semestre, o volume chegou a 3,37 milhões de toneladas, o maior em quatro anos, embora o preço médio de USD 243 por tonelada tenha sido o mais desfavorável do período.
Pesos sobre a oferta global
O USDA revisou para baixo as estimativas de produção de trigo na UE, Ucrânia e Rússia. A projeção global foi ajustada para 790,8 milhões de toneladas — queda de 0,9%. O consumo também recuou 0,5%, impedindo um desequilíbrio maior entre oferta e demanda.
""A relação estoque/consumo global atingiu o nível mais crítico em 10 anos"
Mesmo com a forte redução da oferta mundial, o recuo proporcional no consumo evitou pressões ainda maiores no mercado global. Os estoques finais foram estimados em 252 milhões de toneladas, demonstrando maior tensão no balanço global.
Avanço do plantio no Brasil
Segundo a Conab, o plantio no Paraná está praticamente concluído, com condições consideradas adequadas apesar da baixa chuva no norte. No Rio Grande do Sul, 61% da área estimada já foi semeada. Mesmo com redução de área, a produtividade deve aumentar impulsionada pelos efeitos do La Niña, que tende a favorecer o trigo no Sul.
- 1Produção nacional estimada em 9 milhões de toneladas
- 2Crescimento de 12% frente à safra anterior
- 3Benefícios climáticos associados ao La Niña
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Aline Merladete
Jornalista especializado em Agronegócio
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