Emerson Peres, de Camaquã, teve amostras recusadas pela indústria devido à quantidade de ardidos.
O município de Camaquã, localizado no Rio Grande do Sul, está entre os 336 em situação de calamidade devido às intensas chuvas. Nessa região, aproximadamente metade da safra de soja ainda precisa ser colhida.
Um dos produtores afetados, Emerson Peres, descreve a situação como desastrosa. Ele explica que a soja está encharcada, impedindo as máquinas de colher devido ao entupimento no graneleiro. Ao tentar vender seu produto, duas empresas recusaram devido ao alto teor de umidade e grãos danificados.
Peres menciona que o seguro, que cobre até 24 sacas de soja por hectare em perdas, dificulta o processo de apresentar o sinistro, já que é necessário aguardar a avaliação meticulosa para determinar a compensação - mesmo se os grãos estiverem estragados.
Com base em anos anteriores, onde a produção chegava a 60 a 70 sacas por hectare, o produtor teme que ao acionar o seguro e colher os grãos prejudicados, a produtividade seja subestimada. Apesar de grande parte da colheita de soja ter sido concluída no estado, ainda há uma área significativa que precisa ser retirada do solo.
Há incerteza sobre o impacto das inundações nessa área, podendo resultar em uma perda de até cinco milhões de toneladas da safra. A analista do Rabobank, Marcela Marini, alerta que dois milhões de toneladas de soja estão em sério risco.
Enquanto a previsão inicial apontava para 21,8 milhões de toneladas de soja no Rio Grande do Sul, a estimativa atual sugere que dificilmente ultrapassará os 20 milhões de toneladas, devido aos problemas climáticos. Outro produtor, Jorge Iglesias, de Rio Grande, também enfrenta desafios inéditos devido às chuvas que afetaram a plantação de soja na região.