Desafios na produção de leite no RS são intensificados pelas chuvas

Impacto da queda na captação de produtores pode levar a saída da atividade

Desafios na produção de leite no RS são intensificados pelas chuvas

As inundações afetaram todos os principais segmentos da atividade agropecuária do Rio Grande do Sul, mas, em um ramo em particular, a pecuária leiteira, a tragédia pode ter acelerado um declínio que já se desenha há anos. Marcos Tang, presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), afirmou que o setor já vinha enfrentando dificuldades nos últimos anos e que a situação agora exigirá esforços para reconstruir não apenas a parte financeira, mas também a parte psicológica dos produtores.

Os produtores rurais que se dedicam à pecuária leiteira no país estão enfrentando um aperto de margens, especialmente devido ao aumento dos custos da atividade. O quadro é mais crítico no Rio Grande do Sul, estado que anteriormente enfrentou uma severa estiagem por três anos consecutivos antes das chuvas de 2024. Hoje, apenas 32 mil propriedades vendem matéria-prima para os grandes laticínios do estado, em comparação com 80 mil propriedades há uma década.

As inundações recentes afetaram cerca de 50% dos produtores de leite no Rio Grande do Sul. A logística de coleta de matéria-prima foi prejudicada devido ao bloqueio de estradas e à destruição de mais de 50 pontes. A captação de leite já sofreu uma queda significativa de 30% devido às chuvas, afetando a indústria local e as cooperativas.

Diante dos desafios logísticos e dos problemas de fornecimento de energia elétrica, o setor leiteiro enfrenta dificuldades adicionais. O Sindilat solicitou medidas mais flexíveis para coleta de leite e inspeção de produtos de origem animal, o que ajudou a reduzir o impacto das inundações em cerca de 10%.

Apesar dos esforços para minimizar os impactos, muitos produtores perderam infraestrutura essencial para a produção, como galpões, ordenhadeiras, tanques e pastagens. Algumas propriedades, como a de Neila Avila em Rolante, foram gravemente afetadas, levando os produtores a considerarem desistir da atividade devido às perdas significativas.