Valor da soja diminuiu nos últimos dias, porém registrou crescimento em maio

Cotações em baixa do grão em Chicago afetam mercado interno

Valor da soja diminuiu nos últimos dias, porém registrou crescimento em maio
Pressão esteve atrelada à maior oferta de soja na América do Sul e ao bom ritmo de cultivo nos Estados Unidos — Foto: Gustavo Mansur/ Secom-RS

O valor da soja registrou queda nos últimos dias de maio, porém essa movimentação não foi capaz de evitar a alta nos preços ao longo do mês. Na semana passada, seguidas baixas nos preços da soja na bolsa de Chicago impactaram o mercado interno, levando a uma diminuição nos lucros obtidos durante o mês.

O indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) com base no Porto de Paranaguá (PR) fechou em R$ 137,79 por saca de 60 quilos na sexta-feira (31/5). Em maio, observou-se um aumento de 6,77%. Já a referência com base nas transações realizadas no Estado do Paraná subiu 7,04% até a sexta-feira, alcançando o valor de R$ 133,27 por saca.

De acordo com o Cepea, a pressão nos preços da soja esteve relacionada à maior oferta do grão na América do Sul e ao bom andamento do cultivo nos Estados Unidos. Mesmo com a queda na produção brasileira nesta temporada, o final da colheita e os preços atrativos têm levado os vendedores a disponibilizarem mais soja no mercado nacional.

Em Chicago, o valor da soja tem sido afetado, principalmente, pelo progresso no plantio da safra 2024/25 nos Estados Unidos. Por enquanto, os agentes do mercado acreditam que as tempestades e furacões no Meio-Oeste não causaram atrasos significativos nos trabalhos de campo do país.

Na próxima segunda-feira (3/6), o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) deve apresentar atualizações sobre o plantio e as condições das lavouras do país. Na semana passada, os técnicos do governo americano estimaram que 68% da área destinada à cultura de soja para a temporada 2024/25 já estava plantada. No mesmo período no ano anterior, essa proporção era de 78%, enquanto a média dos últimos cinco anos é de 63%.

Os dados do USDA abrangem 18 Estados e indicam que 39% das lavouras já apresentavam soja emergente. No mesmo período no ano anterior, essa taxa era de 50%. Nas últimas cinco safras, a média de soja emergente foi de 36%.

Nesta segunda-feira, os contratos principais na Bolsa de Chicago continuaram em queda, sendo negociados abaixo de US$ 12 por bushel. Enquanto a bolsa tem exercido uma pressão negativa, os prêmios de exportação têm contribuído para manter ou até mesmo aliviar a pressão do mercado internacional sobre o mercado interno.

De acordo com o levantamento do Sim Consult, com base no porto de Paranaguá (PR), foi observado um prêmio positivo de US$ 0,33 por bushel para o contrato de julho em comparação ao valor do mesmo vencimento na bolsa. Já para agosto, o diferencial foi de US$ 0,42 por bushel sobre o contrato para o mesmo mês em Chicago.

O CEO do Sim Consult, João Birkhan, acredita que os preços internacionais podem ter um novo movimento de alta, influenciados pelo mercado de trigo. Ele mencionou em um vídeo divulgado no fim de semana que quatro dos cinco maiores produtores globais estão enfrentando dificuldades na safra 2023/24.

Birkhan enfatiza que problemas climáticos na Rússia, Ucrânia, Canadá e Austrália indicam um possível aumento nos preços do trigo, que poderá, por sua vez, impactar positivamente nos preços da soja e seus derivados. Ele destaca que os estoques mundiais de trigo para a safra 2024/25 devem atingir o menor nível dos últimos 17 anos, o que poderá resultar em um efeito positivo em Chicago.

O CEO Birkhan tem a expectativa de que o próximo relatório mensal de oferta e demanda mundial do USDA traga uma redução nas estimativas de oferta de trigo, o que poderá impulsionar os preços na bolsa. Ele conclui dizendo: "Vamos aguardar para ver se isso se concretiza. Às vezes, somos surpreendidos".