Brasil se destaca no cenário global ao responder por quase metade das importações
O registro divulgado pela Federação Europeia do Café (ECF) aponta para um aumento nos estoques de café até abril, com um acréscimo de 700.000 sacas em comparação com março. Esse aumento ocorre apesar da queda nas importações e estoques verificada no início do ano. Uma análise minuciosa da Hedgepoint Global Markets oferece uma visão abrangente sobre a situação, destacando alterações significativas no comércio global de café.
De acordo com Natália Gandolphi, analista de Café na Hedgepoint, é previsto que abril traga mudanças no cenário e explique a recuperação dos estoques, já que as importações acumuladas no primeiro trimestre ficaram aproximadamente 300.000 sacas abaixo da média. Essa recuperação é essencial para equilibrar a oferta e satisfazer a crescente demanda no bloco europeu.
O relatório da Hedgepoint realça que, na primeira metade do ciclo 2023/24, o Brasil teve um papel crucial ao representar 43% das importações de café na União Europeia, um aumento em relação aos 35% registrados no mesmo período de 2022/23. Esse crescimento compensou a diminuição nas importações de outros grandes produtores como Vietnã, Indonésia e Índia, que juntos caíram de 33% para 26%.
Apesar dos ajustes realizados, as importações totais até março ainda estão abaixo dos níveis habituais. No acumulado de 23/24 (Out/23 a Mar/24), as importações na UE estão 1,5 milhão de sacas abaixo da média histórica e 1,8 milhão de sacas menos do que no mesmo período do ciclo anterior. Por outro lado, o consumo aparente de café na UE está 200.000 sacas acima da média histórica, indicando uma demanda robusta.
Gandolphi também destaca que o Brasil tem ampliado sua presença em outros mercados importantes. Nos Estados Unidos, a participação do robusta de origens tradicionais como Vietnã, Indonésia e Índia caiu, enquanto o café brasileiro manteve-se estável. No Reino Unido, o Brasil agora é responsável por 63% de todas as importações no ciclo 23/24, um aumento considerável em relação aos 26% do ciclo anterior.
Na China, segue-se uma linha semelhante, com o Brasil representando 52% das importações de café em 23/24, enquanto outras fontes da América do Sul aumentaram sua participação de 14% para 24%. Em contraste, no Japão, as ofertas da Colômbia e Peru diminuíram, mas o Brasil manteve uma participação de 40%, ligeiramente acima dos 37% do último ciclo.
O aumento nos estoques fornecidos pela ECF não reflete apenas a sazonalidade, mas também as mudanças nos fluxos comerciais em comparação com o segundo semestre de 2023. Apesar de os níveis de estoque nos destinos ainda estarem abaixo da média, a situação sugere um aumento no curto prazo. À medida que os destinos diminuírem as taxas de referência e apresentarem spreads mais curtos, esses estoques podem se tornar um fator de baixa a médio prazo.
Além disso, o Brasil superou os recordes anteriores de exportação em 2024, consolidando sua maior participação nas importações globais, com mudanças notáveis especialmente na União Europeia, Reino Unido e China. Essa dinâmica ressalta a importância estratégica do café brasileiro no mercado global e as implicações para futuros ajustes comerciais.