Desafios na produção diante do anúncio de novos preços mínimos
Os valores do trigo no Brasil mantiveram estabilidade na semana passada, com a média no Rio Grande do Sul encerrando em R$ 65,63 por saco e no Paraná registrando R$ 75,00 por saco. Em Curitiba e Ponta Grossa, no Paraná, o valor do produto atingiu R$ 1.600,00 por tonelada FOB, correspondente a R$ 96,00 por saco. Esse aumento se deve, em parte, ao encarecimento do trigo importado, impulsionado pela desvalorização do Real nas últimas semanas. Atualmente, o trigo importado chega ao Paraná por volta de US$ 300,00 a tonelada, segundo análise da CEEMA.
O Cepea destaca que os preços do trigo estão no patamar mais alto desde meados de 2023 nas regiões monitoradas. No entanto, a busca por trigo de qualidade superior tem sido um desafio, devido à baixa produção anterior e a expectativa de uma redução significativa na área a ser cultivada na próxima safra brasileira.
Com o intuito de garantir uma remuneração mínima aos agricultores, o Ministério da Agricultura e Pecuária anunciou, em 5 de junho, os novos preços mínimos para o trigo da safra 2024/25. Esses valores serão utilizados como base nas operações relacionadas à Política de Garantia de Preços Mínimos. Os preços mínimos do trigo em grãos foram reduzidos nas três principais regiões produtoras do país: Sul (-10,55%), Sudeste (-11,55%) e Centro-Oeste/Bahia (-15,75%). Os valores para os três tipos de trigo variam de R$ 33,49 a R$ 84,63 por saco, válidos de julho deste ano até junho de 2025. Os preços das sementes de trigo também foram reduzidos em 10,55%, passando para R$ 3,22 por quilo.
Apesar de os novos preços mínimos terem sido ajustados com o objetivo de estimular a produção nacional e reduzir a dependência de importações, os agricultores veem essas medidas com desconfiança. A redução na área plantada nacional está estimada em 11,1%, com o Rio Grande do Sul reduzindo em 10,6% e o Paraná em 19,1%. No Paraná, por exemplo, o custo médio total de produção será de R$ 5.900,19 por hectare. Com o preço atual de R$ 75,00 por saco, os agricultores precisariam colher em média 78,7 sacos por hectare para cobrir os custos totais de produção, levando em conta um produto de qualidade superior.
Essa situação é desmotivadora para os agricultores, que já lidam com custos elevados de produção e poucas alternativas viáveis de cultivo no inverno. O desafio se torna ainda maior ao considerar que as alternativas de plantio de inverno também oferecem baixa remuneração no momento.