Volatilidade marca as cotações do trigo na bolsa americana
As condições climáticas adversas no Mar Negro e Europa, com secas, geadas e excesso de umidade, impactaram fortemente as plantações de trigo, levantando dúvidas sobre a oferta mundial. Essas áreas respondem por aproximadamente 45% das exportações globais de trigo, de acordo com informações do Itaú BBA.
Em Chicago, os preços do trigo na bolsa americana sofreram grande volatilidade em junho, influenciados pelos eventos climáticos desfavoráveis. As geadas e secas na região do Mar Negro e o excesso de umidade nas plantações francesas, o principal produtor da União Europeia, afetaram negativamente a oferta global de trigo. Apesar disso, a melhora nas plantações nas planícies americanas, em período de colheita, contribuiu para a diminuição dos preços do cereal. Além disso, o milho atua como um limite para as altas dos preços, servindo como uma referência para o trigo em Chicago, que teve uma queda de 17,4% ao longo do mês, sendo cotado a USD 5,54 por bushel.
No Brasil, a entressafra reduziu a disponibilidade de trigo, levando os produtores a depender de importações. Isso resultou em preços alinhados com as cotações internacionais. A combinação do aumento nos preços do trigo nos portos e a desvalorização do real contribuíram para o aumento dos preços no mercado nacional. No Paraná, o indicador CEPEA indicou que a tonelada de trigo fechou o primeiro dia de julho cotada a R$ 1.527, representando um aumento de 5,2% em 30 dias, como apontado no relatório do Itaú BBA.
As importações brasileiras em junho determinaram os preços internacionais, com um volume importado de 605 mil toneladas, um aumento de 90% em relação ao mesmo período do ano anterior. No acumulado do semestre, as importações atingiram 3,37 milhões de toneladas, o maior volume dos últimos quatro anos, ainda que o preço médio de USD 243 por tonelada tenha sido o mais desfavorável do período.
No hemisfério norte, a situação climática adversa impactou as previsões de oferta de trigo global. O USDA revisou suas estimativas em junho, reduzindo as previsões de produção na União Europeia, Ucrânia e Rússia. A produção global foi projetada em 790,8 milhões de toneladas, uma redução de 0,9% em relação a maio, enquanto o consumo global diminuiu em 0,5%. Apesar da queda significativa na oferta, a redução no consumo evitou um cenário mais desafiador, com os estoques finais estimados em 252 milhões de toneladas, a relação estoque/consumo mais crítica dos últimos 10 anos, de acordo com o relatório do Itaú BBA.
No Brasil, de acordo com a Conab, o plantio de trigo no Paraná está quase concluído, sem grandes preocupações até o momento, apesar da baixa precipitação na região norte. No Rio Grande do Sul, 61% da área planejada já foi semeada. Mesmo com uma área menor, a produtividade deve se recuperar devido aos efeitos do La Niña, que beneficia o cultivo do cereal na região sul. A produção nacional de trigo é estimada em 9 milhões de toneladas, um aumento de 12% em relação à safra anterior.