Desde 2016, aproximadamente 25 milhões de peixes foram soltos no projeto.
Em março, um caminhão estacionou de ré na beira do rio Paranapanema, em Salto Grande, no interior de São Paulo, transportando três caixas de peixes, cada uma com 2 mil quilos. Depois, funcionários acoplaram rampas para soltar milhares de filhotes de peixes nativos no rio, processo que representa o desfecho de uma etapa iniciada meses antes no Centro de Piscicultura da antiga Usina Cesp, em Salto Grande, operada atualmente pela CTG Brasil.
Como parte das ações de compensação pelos impactos ambientais da construção das barragens, a empresa chinesa precisa liberar 3,6 milhões de filhotes de peixes nativos de água doce por ano em seus reservatórios. Esse compromisso é resultado de exigências do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama.
Na soltura deste ano, além de outras espécies, pela primeira vez foi incluído o pintado, uma espécie ameaçada de extinção. Para garantir o sucesso desse processo, que envolve desde a captura até a soltura dos filhotes, a CTG Brasil investe recursos financeiros e tecnológicos. O cuidado com a reprodução dos pintados é essencial, visto que essa espécie, de grande valor comercial e esportivo, enfrenta sérias ameaças como a poluição e a pesca predatória.
O biólogo Norberto Castro Vianna, especialista da CTG Brasil, coordena o processo de reprodução e soltura das espécies, como o pintado. O desafio envolve adaptar essa espécie selvagem ao cativeiro, desenvolver técnicas de reprodução e garantir sua alimentação adequada. A empresa busca reproduzir peixes puros, sem hibridações, para preservar a genética e a diversidade das espécies.
Além do trabalho com o pintado, a empresa também se dedica à reprodução de outras espécies de grande porte e hábitos migratórios, como o jaú e a jurupoca. O processo de reprodução se dá em Salto Grande, com o auxílio de uma empresa terceirizada, que atua nessa área há mais de duas décadas.
Com base em estudos e parcerias com instituições de pesquisa, a CTG Brasil busca estabelecer critérios técnicos e científicos para determinar a quantidade ideal de peixes a serem soltos nos reservatórios, visando recompor a fauna aquática sem desequilíbrios ambientais. Essas medidas são fundamentais para garantir a preservação das espécies nativas e a sustentabilidade dos ecossistemas aquáticos.