A importância dos sistemas agroflorestais na ampliação da matéria orgânica nos solos da Caatinga

Embrapa revela que sistemas agroflorestais contribuem para o aumento do estoque de carbono no solo

A importância dos sistemas agroflorestais na ampliação da matéria orgânica nos solos da Caatinga

Uma pesquisa realizada pela Embrapa Caprinos e Ovinos (CE) em parceria com a Embrapa Meio-Norte (PI) constatou que sistemas agroflorestais têm o potencial de aumentar o estoque de carbono orgânico no solo em comparação com áreas de vegetação nativa. O estudo, divulgado na Revista Brasileira de Ciências do Solo, indicou que os sistemas integrados de produção também podem elevar os níveis de nitrogênio, sugerindo a possibilidade de sequestro de carbono e recuperação de perdas por emissões de gases de efeito estufa na agropecuária.

De acordo com a Embrapa, os resultados do estudo mostraram que os sistemas agroflorestais aumentaram o estoque de carbono orgânico no solo em até 50% em comparação com áreas de vegetação nativa, e o teor de nitrogênio foi 60% superior em sistemas que utilizaram consórcio de milheto ou sorgo com capim Massai. Isso aponta para a viabilidade de adotar um manejo sustentável da Caatinga, conciliando a vegetação nativa com a expansão de novas áreas agrícolas.

Segundo Rafael Tonucci, pesquisador da Embrapa, os sistemas integrados de produção favorecem a "produção primária líquida", aumentando a produção de forragem e a decomposição de matéria orgânica no solo. Ele destaca que o acréscimo de carbono provém principalmente da decomposição de raízes, folhas e serrapilheira, enquanto o incremento de nitrogênio está relacionado ao plantio consorciado com leguminosas e à adubação.

Além disso, o estudo ressalta que a conversão da Caatinga em áreas agrícolas e de pastagens tende a reduzir os estoques de carbono e nitrogênio no solo, mas a adoção de culturas com alta produção de biomassa pode compensar essas perdas, promovendo um ambiente favorável para os microrganismos do solo.

Os pesquisadores enfatizam que o aumento da matéria orgânica no solo não só ajuda a reduzir a emissão de gases de efeito estufa, mas também pode diminuir processos de erosão e degradação do solo na Caatinga. Tonucci destaca que a matéria orgânica atua como um "cimento" que melhora a coesão e fertilidade do solo.

Com práticas de manejo adequadas, os sistemas integrados de produção não apenas recuperam a fertilidade do solo, mas também garantem mais autonomia na alimentação dos animais, favorecendo o sequestro de carbono e promovendo a sustentabilidade da agropecuária na região da Caatinga.