Mercado registra aumento nas projeções para o rombo fiscal do governo, inflação e PIB em 2021
Na sequência da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, o mercado financeiro elevou novamente sua previsão para a Selic no final deste ano, chegando agora a um patamar de dois dígitos - indicando a expectativa de aproximação do término do atual ciclo de redução da taxa básica de juros.
Conforme o boletim Focus, compilação semanal realizada pelo próprio BC, a mediana das projeções dos economistas passou de 9,75% para 10% - comparado a 9,5% um mês atrás. Já a projeção para 2025 permaneceu em 9%.
Além disso, o mercado piorou suas estimativas para o déficit fiscal do governo, inflação e PIB no corrente ano. Em relação ao déficit primário, a mediana das projeções passou de 0,64% para 0,70% do PIB, retornando ao nível de um mês atrás. O crescimento da economia brasileira em 2024, que estava estimado em 2,09% até a semana anterior, caiu para 2,05%. Também houve aumento na previsão para o IPCA acumulado em 2024 - de 3,76% para 3,80% (o centro da meta é 3%, podendo chegar ao teto de 4,5%).
Na última reunião, em 8 de março, que terminou sem consenso, o Copom anunciou uma redução de 0,25 ponto percentual para a Selic - para 10,5% ao ano -, interrompendo um ciclo de seis cortes consecutivos de 0,5 ponto. A decisão foi atribuída pelo Copom ao "ambiente externo" mais adverso, devido à incerteza persistente em relação aos cortes de juros nos EUA, e ao dinamismo acima do esperado nos indicadores de atividade econômica e mercado de trabalho no cenário doméstico, com impacto nas expectativas de inflação.
A postura "mais contracionista" e "cuidadosa" com os juros, mencionada na ata divulgada na semana passada, foi interpretada por parte do mercado como um sinal de que não haverá novas reduções da Selic.
Neste sentido, a Asa Investments, por exemplo, aumentou sua projeção para a taxa Selic no final de 2024 de 9,75% para 10,50%. O economista da instituição, Leonardo Costa, destacou que as expectativas de inflação mais longas no boletim Focus devem continuar se deteriorando, indo de encontro ao objetivo do Banco Central de reancorar-se à meta.
Já o banco americano Wells Fargo não enxerga espaço para mais cortes neste ano. De acordo com o relatório da instituição, a volatilidade da moeda brasileira tem aumentado nas últimas semanas, o que pode impulsionar a inflação de serviços. Além disso, a falta de disciplina fiscal por parte do governo Lula, agravada pelo desastre natural em algumas regiões do país, pode contribuir para essa visão.