Desafios na capacidade de colaboração em equipe
A cientista brasileira Mariangela Hungria, especializada em bioisomos na soja, sentiu-se incomodada durante um evento do agronegócio em 2022 ao ouvir a opinião de um participante afirmando que o setor agrícola não poderia resolver a fome no Brasil, enfatizando apenas recordes de safra e geração de empregos. Esse descontentamento motivou Hungria a liderar uma equipe de 41 cientistas de 23 instituições brasileiras para demonstrar como várias áreas da ciência podem colaborar para combater a fome no país.
Durante o lançamento do livro Segurança Alimentar e Nutricional: O Papel da Ciência Brasileira no Combate à Fome, em São Paulo, na Sede da Fundação Bunge, Hungria declarou: "Fiquei intrigada com isso e decidi estudar, pois acredito que nós, do agronegócio, podemos contribuir para resolver esse problema na sociedade". Ela desafiou cada um dos 19 capítulos do livro a apresentarem propostas efetivas para erradicar a fome, criando um plano de governo pronto para qualquer representante do executivo.
Cláudia Calais, da Fundação Bunge, e Helena Nader, presidente da ABC, ressaltaram a complexidade da fome como problema e a importância da colaboração entre diferentes setores para enfrentá-la. Calais enfatizou a necessidade de reunir ciência, setor produtivo e terceiro setor para encontrar soluções conjuntas, enquanto Nader destacou a importância de investimentos em educação e ciência. Ambas realçaram a urgência de ações coordenadas para alcançar a meta de "fome zero e agricultura sustentável" da Agenda 2030 da ONU.
Segundo Calais, "Ainda temos pouca capacidade de trabalhar em conjunto, de reunir ciência, setor produtivo e terceiro setor para discutir um único tema. Problemas complexos exigem soluções complexas, que requerem o envolvimento de mais de um setor. Nós, do terceiro setor, aprendemos cedo a colaborar, e acredito que está na hora de ter isso também com os outros setores, de nos unirmos."