Presidente da Comissão de Seguro Rural da Fenseg acredita que incertezas climáticas e demandas judiciais impulsionarão adesão dos produtores ao seguro agrícola
O Brasil é líder na produção e exportação de diversos produtos do agronegócio, mas, quando se trata de seguro rural, o país se destaca negativamente em relação às demais potências agrícolas. Nos últimos anos, a área de cultivo coberta por seguro diminuiu no Brasil, enquanto em outros países essa prática tem crescido. Joaquim Neto, presidente da Comissão de Seguro Rural da Fenseg, acredita que, diante dos prejuízos financeiros recentes no setor agrícola, essa situação pode mudar na próxima safra.
Atualmente, os pequenos e médios agricultores que cultivam grãos no Sul do Brasil são os que mais contratam seguro rural. No entanto, esses produtores são os mais afetados por eventos climáticos, o que acaba gerando altas taxas de sinistralidade. Os grandes produtores, por sua vez, não conseguem aumentar a contratação de seguro, pois não têm acesso ao programa de subvenção do governo. Para que essa realidade mude, será necessário um aumento nos investimentos ou uma ampliação dos recursos governamentais.
Mudanças na estrutura do Plano Safra poderiam favorecer o programa de seguro rural e impulsionar o mercado. A ocorrência frequente de extremos climáticos nos últimos anos tem levado tanto os produtores quanto o governo a repensarem a importância do seguro. Os estados e municípios também podem contribuir com apoio ao seguro rural, aliviando parte dos custos para os agricultores.
A sinistralidade ideal para as seguradoras seria entre 50% e 60%, mas no Brasil, esse índice tem ultrapassado os 60%, desestimulando as empresas do setor. Para contornar essa situação, as seguradoras estão diversificando seus portfólios e buscando atuar em novas culturas e regiões. A ideia de um fundo de seguro rural está em discussão e poderia ser uma alternativa para atender às necessidades do setor.
Nos últimos anos, o seguro rural tem desempenhado um papel fundamental no apoio ao agronegócio, permitindo que os produtores superem adversidades climáticas e continuem suas atividades. A expectativa é de um aumento na contratação de seguro para a próxima safra, especialmente devido à previsão do fenômeno La Niña, que pode trazer desafios adicionais para os agricultores que mais contratam seguro.