Comercialização demonstra recuperação, porém em ritmo mais lento comparado a anos anteriores
Os questionamentos no planejamento dos agricultores para a próxima safra atrasaram as vendas de sementes de soja para o ciclo agrícola 2024/25 no Brasil. Cerca de metade do volume estimado já tinha sido comercializado até meados do mês, um ritmo abaixo do habitual para essa época do ano, de acordo com a Agroconsult. Essa queda na velocidade das vendas foi calculada considerando a expectativa de redução de 0,4% na área de plantio de soja. No mesmo período de 2023, os produtores rurais já tinham adquirido 53% do total de sementes planejadas.
Nos últimos tempos, no entanto, as vendas começaram a demonstrar sinais de recuperação, conforme Gladir Tomazelli, líder da Associação Brasileira dos Produtores de Sementes de Soja (Abrass). Durante o Encontro Nacional dos Produtores de Sementes de Soja (Enssoja), em Foz do Iguaçu (PR), Tomazelli comentou: “Devido a problemas relacionados ao clima e, principalmente, ao baixo valor das commodities, era esperado que o ritmo de comercialização diminuísse. Porém, nas últimas quatro semanas, observamos progressos significativos".
Em 2023, a estimativa da Abrass aponta que foram vendidas 45 milhões de sacas de sementes, mas esses números não foram finalizados no ano passado por conta de mudanças no cronograma de plantio, que estenderam as vendas de sementes até janeiro de 2024. Para este ano, a previsão do setor é de uma receita de R$ 35 bilhões, considerando também as despesas com tratamentos industriais e biotecnologia.
Apesar do ritmo lento das transações, o segmento está confiante em um aumento nas vendas de sementes de soja certificadas em 2024. Tomazelli prevê que as vendas possam atingir a marca de 50 milhões de sacas de 40 quilos.
As projeções para o longo prazo também são positivas. O CEO da Céleres, Anderson Galvão, estima que a demanda por sementes de soja em 2031/32 alcançará 56,9 milhões de sacas. “Com a expansão da área plantada e a busca dos agricultores por novas tecnologias, o mercado gradualmente necessitará dessa quantidade”, afirmou.
No entanto, as empresas de sementes alertam que uma nova legislação que permite aos produtores reutilizarem sementes de uma safra para outra pode impactar negativamente a expansão do setor. Tomazelli destacou que aproximadamente 30% do mercado não é atingido por conta desta permissão, o que afeta diretamente o volume de vendas e, consequentemente, o preço das sementes.
Diante deste cenário, as empresas de sementes buscam por mudanças na legislação para que os agricultores paguem royalties sobre a genética das sementes reaproveitadas. Durante o encontro, o diretor da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Fabrício Rosa, mencionou que os agricultores concordam em remunerar pela matéria-prima, conforme a área declarada ao Ministério da Agricultura.