O Brasil criou uma metodologia que possibilita a observação remota das áreas de produção em sistemas integrados, por meio da aplicação de inteligência artificial e satélites, em um projeto liderado por pesquisadores da Embrapa em parceria com outros profissionais. Essa tecnologia é capaz de identificar áreas que utilizam sistemas como integração pecuária-floresta (IPF), integração lavoura-floresta (ILF) e integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), gerando dados quantitativos sobre a adoção desses sistemas e permitindo o monitoramento da expansão da produção sustentável no país.

Além disso, já é possível identificar áreas com cultivos duplos (como soja e milho ou algodão em sequência) e com integração lavoura-pecuária (ILP), estando em desenvolvimento a incorporação de outros sistemas, como a detecção do plantio direto (SPD) por meio de algoritmos adaptados. Esses dados serão disponibilizados por diferentes regiões, estados, microrregiões, municípios, biomas ou bacias hidrográficas, contribuindo assim para a definição de políticas públicas para o setor agropecuário.

Os testes dos algoritmos computacionais para detecção e monitoramento dos diferentes sistemas de produção foram realizados em Mato Grosso entre 2012 e 2019, mostrando o potencial da metodologia para o mapeamento anual em âmbito nacional. Destaca-se o aumento significativo da área de ILP nesse estado, que mais do que dobrou de tamanho entre 2013 e 2019, segundo Patrick Kuchler, pesquisador vinculado ao grupo de pesquisa GeoABC da UERJ/PPG-MA.

Essa metodologia inovadora é aplicável a diversos sistemas de produção envolvendo culturas anuais, como soja, milho e algodão, em diferentes regiões do país. A intenção agora é disponibilizar esses resultados em uma plataforma interativa, apresentando mapas, dados, estatísticas e indicadores em formatos de dashboards para fácil visualização. Essa plataforma, denominada Plataforma GeoABC, será um recurso tecnológico valioso, principalmente para o Ministério da Agricultura (Mapa) na execução do Plano ABC, conforme projeta o pesquisador da Embrapa Rodrigo Ferraz.