Antecipando a dessecação da soja: impactos na quantidade de óleo no grão

Efeito da aplicação de dessecante em estádios fenológicos variados na qualidade dos grãos

Antecipando a dessecação da soja: impactos na quantidade de óleo no grão

A dessecação antecipada das lavouras de soja é uma prática comum entre os produtores, utilizada para padronizar as plantas, evitar a colheita durante períodos chuvosos e adiantar o plantio da segunda safra. Uma pesquisa realizada pela Embrapa em Mato Grosso analisou os efeitos da dessecação em diferentes estágios do cultivo e descobriu que a realização da operação fora do período ideal resulta em uma redução na massa dos grãos e na quantidade de óleo.

Com base nos estudos conduzidos no campo experimental da Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop (MT), a dessecação no início da formação e enchimento dos grãos (estádio fenológico R5.5) reduziu a massa de mil grãos em até 26% a 19% em comparação com a dessecação realizada no início da maturação (R7.1 e R7.3) nas duas variedades de soja avaliadas. Considerando uma produtividade média de 60 sacas por hectare, essa diferença corresponde a uma redução de 15 a 11 sacas por hectare.

Além disso, a pesquisa demonstrou que a dessecação após o estádio R7 ou a colheita sem dessecação, no estádio R9, também resultaram em perdas de massa dos grãos, variando de 4% a 6%. Por outro lado, uma situação em que a colheita foi realizada no estádio R9 apresentou uma massa de mil grãos estatisticamente equivalente à lavoura dessecada no estádio R7.

O estudo também revelou que a antecipação da dessecação está diretamente ligada a uma diminuição no teor de óleo dos grãos, evidenciando que a interrupção do processo fotossintético nas plantas dessecadas precocemente resulta em menor síntese de óleo. A presença de grãos verdes, ardidos, mofados e quebrados também foi observada, destacando a importância da dessecação adequada para evitar descontos na hora da entrega no armazém.

Em resumo, a dessecação da soja é uma prática adotada pela maioria dos agricultores em Mato Grosso, embora não seja obrigatória. Ela é realizada principalmente para controlar plantas daninhas, promover a homogeneidade da lavoura, facilitar o escalonamento da colheita, reduzir o ciclo da cultura e antecipar a semeadura da segunda safra, mas deve ser feita no momento correto para evitar impactos negativos na produtividade e na qualidade dos grãos.