O El Niño, fenômeno climático responsável pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico tropical, ainda está presente, porém com uma tendência de enfraquecimento constante. Os modelos climáticos apontam para uma redução das temperaturas da superfície do mar no Pacífico tropical central, indicando que o evento deve retornar às condições neutras do ENOS (El Niño-Oscilação Sul) no outono de 2024.

De acordo com as projeções do Bureau de Meteorologia da Austrália, espera-se que as condições de Neutralidade se estabeleçam em maio e persistam até o final do período prognosticado, em agosto. Alguns membros da previsão indicam valores de anomalias de temperatura em torno de ±0.8°C no mês, critério adotado pelo centro para a definição do fenômeno.

Dessa forma, o pré-plantio das lavouras de cereais de inverno (trigo, aveia, cevada, triticale) na região sul deverá ocorrer sob condições de Neutralidade, assim como o avanço das colheitas da primeira safra de arroz, milho e soja. Já para o algodão e o milho safrinha, prevê-se um desenvolvimento favorável em praticamente todas as regiões.

Por outro lado, as projeções do Centro de Previsões Climáticas da NOAA sinalizam um declínio mais acentuado nas anomalias de temperatura da superfície do mar na região do Niño 3.4. A previsão dos EUA aponta a entrada na condição de Neutralidade já em abril, migrando rapidamente para La Niña, com anomalias abaixo de -0.5°C entre maio e junho.

Um dos fatores que estão contribuindo para o enfraquecimento do El Niño e o desenvolvimento da La Niña, conforme a projeção da NOAA, são as temperaturas abaixo da superfície do mar, com a predominância de bolsões de águas mais frias.

Se as projeções norte-americanas se confirmarem, a safra de inverno no Brasil pode se desenvolver sob a influência da La Niña, bem como o pré-plantio e possivelmente a safra 2024/25. A última transição significativa ocorreu em 2010, passando de El Niño para La Niña entre março e junho.