A previsão para a safra brasileira de 2022/23 apresenta um grande desafio: um déficit recorde de armazenamento superior a 100 milhões de toneladas, conforme apontado pela AgWeb Farm Journal. Essa questão se agrava diante da expectativa de uma safra recorde de 313 milhões de toneladas de soja, milho, algodão, arroz e trigo.

De acordo com a AgWeb Farm Journal, apenas 15% das propriedades rurais do Brasil têm estruturas de armazenagem, o que contrasta com os Estados Unidos, onde 54% das fazendas possuem esse tipo de infraestrutura.

Vinte e dois anos atrás, em 2010, o Brasil tinha capacidade de armazenar 90% da safra de grãos, porém, ao longo da última década, houve um aumento significativo do déficit, fruto do crescimento da produção agrícola sem o devido acompanhamento na construção de silos. Atualmente, apenas 67% da colheita brasileira pode ser armazenada.

Segundo o AgWeb Farm Journal, o problema de armazenamento de grãos no Brasil está concentrado nos estados do Centro-Oeste, como Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul, áreas responsáveis por cerca de metade da produção nacional de grãos e que registraram um crescimento expressivo nos últimos anos.

Joana Colussi, pesquisadora associada de pós-doutorado na Universidade de Illinois, alerta que "o aumento da capacidade de armazenamento desde 2010 não acompanhou o crescimento da produção agrícola. Embora existam recursos públicos e privados para a construção de silos, os produtores ainda precisam se convencer do retorno positivo desse investimento. Essa situação pode representar um risco para a competitividade futura da agricultura brasileira".