Brasil registra recorde de seis anos na área queimada e quase dobra em relação a 2023

Amazônia e Cerrado são os biomas mais atingidos, com o Pará liderando em área queimada

Brasil registra recorde de seis anos na área queimada e quase dobra em relação a 2023
Maria Helena, um dos municípios atingidos no PR. Foto: CBMPR

A superfície queimada no Brasil de janeiro a novembro de 2024 praticamente duplicou em comparação com o mesmo período do ano anterior. Os dados revelados neste segunda-feira (15) são do Monitor do Fogo, desenvolvido pelo MapBiomas, associação cooperativa de faculdades, entidades não governamentais e companhias de tecnologia, focada em rastrear as mudanças na cobertura e na utilização da terra no Brasil.

Conforme a pesquisa, no total, foram queimados no período 29,7 milhões de hectares, um aumento de 90% em relação ao mesmo período de 2023 e a maior extensão dos últimos seis anos. A diferença em relação ao ano passado é de 14 milhões de hectares adicionais, uma área similar ao território do Amapá.

Para a responsável pelo Monitor do Fogo do MapBiomas, Ane Alencar, o crescimento desproporcional da área queimada em 2024, especialmente a área de floresta, lança um alerta sobre a urgência de regular o uso do fogo, além de diminuir o desmatamento.

“A necessidade de diminuir e controlar o uso do fogo, especialmente em anos com condições climáticas extremas, é enfatizada, já que pequenas queimadas podem se tornar grandes incêndios”, indicou a responsável.

Os dados evidenciam que 57% da superfície queimada entre janeiro e novembro no Brasil está localizada na Amazônia. Nessa região, 16,9 milhões de hectares foram afetados pelo fogo, com 7,6 milhões de hectares de florestas, incluindo áreas alagadas. Essa extensão superou a área das pastagens queimadas na Amazônia, totalizando 5,59 milhões de hectares.

O Cerrado foi o segundo ecossistema mais afetado pelas queimadas. No total, 9,6 milhões de hectares foram consumidos pelo fogo. Dessa quantidade, 85%, ou seja, cerca de 8,2 milhões de hectares, correspondem a áreas de vegetação nativa. De acordo com os dados, esse valor representa um acréscimo de 47% em relação à média dos últimos 5 anos.

O Monitor do Fogo demonstra também um aumento na área queimada no Pantanal, onde a superfície queimada de janeiro a novembro foi de 1,9 milhão de hectares, representando um aumento de 68% em relação à média dos últimos 5 anos.