O Potencial de Biocontrole no Manejo de Nematóides Fitoparasitas: Estratégias com Pseudomonas

Bactérias como Pseudomonas oferecem alternativas sustentáveis para o controle de nematoides, reforçando a resistência das plantas e reduzindo a dependência de químicos.

O Potencial de Biocontrole no Manejo de Nematóides Fitoparasitas: Estratégias com Pseudomonas
Outros fatores complementares incluem sinalização por quorum sensing - Foto: Nadia Borges

Biocontrole como Estratégia no Manejo de Nematóides Fitoparasitas

Os nematóides fitoparasitas continuam sendo uma das principais ameaças à produtividade agrícola em diversas culturas, como soja, milho, café e outras. Para combatê-los, Leandro Simões Azevedo Gonçalves, professor da Universidade Estadual de Londrina, destaca o uso do biocontrole como um dos pilares do manejo integrado desses patógenos.

Pseudomonas: Aliada no Combate aos Nematóides

Entre as soluções biológicas mais promissoras, bactérias do gênero Pseudomonas têm se mostrado eficazes no controle de nematoides, agindo contra uma ampla gama de espécies fitoparasitas. P. fluorescens, P. protegens, P. putida e P. chlororaphis são algumas das cepas mais estudadas, com potencial significativo para combater nematoides em múltiplos hospedeiros.

O mecanismo de ação dessas bactérias é multifacetado, o que aumenta sua eficiência no controle. Elas produzem metabólitos secundários que interferem na motilidade, eclosão e sobrevivência dos nematoides, além de compostos voláteis que intensificam o efeito antagonista.

Mecanismos de Ação: Degradação e Indução de Resistência

Além da produção de metabólitos, as bactérias do gênero Pseudomonas também atuam por outros mecanismos complementares:

Sinalização por quorum sensing: Essa comunicação celular ativa genes biossintéticos, que ajudam a fortalecer a formação de biofilmes, estruturas que protegem as bactérias contra condições adversas e aumentam sua eficiência de ação.

Competição e colonização das raízes: As sideróforos e outras estruturas de adesão auxiliam as bactérias a se estabelecerem na rizosfera, competindo com os nematoides e dificultando sua capacidade de colonizar as raízes das plantas.

Produção de enzimas líticas: Essas enzimas são capazes de degradar ovos e cutículas de nematoides, impedindo seu desenvolvimento.

Além disso, as bactérias Pseudomonas também induzem resistência sistêmica (ISR) nas plantas. Isso eleva a produção de enzimas e proteínas de defesa da planta, fortalecendo suas barreiras físicas e químicas contra os nematoides.

Desafios e Estratégias para Implementação no Campo

Apesar dos avanços laboratoriais, transformar os resultados das pesquisas em soluções práticas no campo brasileiro exige uma série de estratégias coordenadas. Três frentes de ação são essenciais para garantir a eficácia do biocontrole com Pseudomonas:

Seleção genética de cepas com alta competência rizosférica: As bactérias precisam ser altamente adaptadas ao ambiente da rizosfera para se estabelecerem e atuarem de forma eficaz.

Escalonamento de bioprocessos: A produção de biomassa e metabólitos precisa ser otimizada em larga escala para atender às demandas do mercado agrícola. Isso inclui o desenvolvimento de processos de produção eficientes para garantir que os produtos biológicos sejam viáveis e eficazes.

Formulações robustas: É necessário criar formulações que mantenham a viabilidade das bactérias, permitindo sua liberação eficiente no solo e garantindo que elas alcancem as raízes das plantas para exercer seu efeito.

Biocontrole como Alternativa Sustentável

Com a implementação bem-sucedida dessas estratégias, o uso de Pseudomonas pode se consolidar como uma ferramenta importante para tornar os sistemas agrícolas mais resilientes e sustentáveis. Ao reduzir a dependência de produtos químicos tradicionais, esse modelo de manejo biológico contribui para o desenvolvimento de práticas agrícolas mais sustentáveis, diminuindo impactos ambientais e aumentando a produtividade a longo prazo.