Cotação recorde da amêndoa impulsiona nova geração de agricultores no Estado, que já foi o terceiro maior produtor nacional
A valorização do cacau na bolsa de Nova York em 2024 anima os produtores de Rondônia. Na região, a cacauicultura costumava ser uma renda extra para muitos agricultores, mas agora está se tornando a principal fonte de recursos. Isso pode estimular a expansão do cultivo no Estado.
No mês passado, o preço da amêndoa na bolsa de Nova York atingiu US$ 11.878 por tonelada, o valor mais alto da história. Impulsionado por uma queda significativa na safra no oeste da África, principal região produtora mundial da fruta, o cacau subiu quase 300% em um ano. Apesar de ter recuado de seu pico histórico, os preços da principal matéria-prima do chocolate ainda estão muito acima do que eram um ano atrás.
Em Ji-Paraná (RO), Vinícius Ferreira, de 21 anos, auxilia seu pai na administração de mil pés de cacau em quase dois hectares de terra. Atualmente, metade da renda da família vem do cacau, enquanto a outra metade advém da ordenha diária de oito vacas. Vinícius pretende expandir a área de plantação nos próximos meses devido aos preços atrativos.
Em Tarilândia, um distrito de Jaru, em Rondônia, Jeferson Rodrigues, de 22 anos, gerencia três hectares de cacau. Ele sempre teve como principal renda a pecuária leiteira, mas neste ano o cacau se destacará nesse aspecto.
Os jovens produtores estão experimentando uma situação de preços inédita, e é alertado que essa conjuntura pode não se repetir. A Nestlé enfatiza a importância de ter rentabilidade mesmo em períodos de preços elevados.
Os preços atrativos do cacau podem impulsionar Rondônia a recuperar parte da posição que perdeu no mercado. Apesar do Estado ter sido o terceiro maior produtor do Brasil, a área de cultivo diminuiu significativamente nos últimos anos. Em 2022, Rondônia colheu 5 mil toneladas da fruta, representando menos de 2% do total nacional.
Apesar de ser uma produção relativamente pequena, parte do cacau colhido em Rondônia é destinada à produção de chocolate fino. O Estado recebeu, em 2023, o registro de Indicação Geográfica e foi incluído na “Rota do Cacau”, um projeto do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional para fortalecer a cadeia produtiva.
Em Rondônia e em outras regiões, atrair jovens para a cultura do cacau tem sido um desafio. A Nestlé lançou o projeto “Cacauicultores do Futuro” para apoiar a transição de gerações na atividade. Esse projeto chegou a Rondônia em parceria com o Instituto Ampliê.
Laran Fábia, uma jovem produtora de 18 anos de Mirante da Serra (RO), pretende expandir sua plantação de cacau nos próximos meses, acreditando no potencial da cultura para o futuro. Por outro lado, produtores mais experientes como Deoclides Silva e Cláudio Coimbra, apesar de aproveitarem os preços favoráveis, mantêm cautela diante da volatilidade do mercado.
Claudio Coimbra enfatiza a importância de uma lavoura produtiva que permita alta flexibilidade diante das oscilações de preços.