Iniciativas promovem produção sustentável de cacau cultivado por mulheres

Iniciativas promovem produção sustentável e impacto social na cadeia do cacau

Iniciativas promovem produção sustentável de cacau cultivado por mulheres
Foto: Anabel Guerra/Flickr

Veranice Alves da Silva, residente em Dois Irmãos do Tocantins (TO), administra uma pequena agrofloresta em parceria com seus filhos, onde cultiva açafrão junto com frutas, grãos e raízes, além das espécies nativas jatobá e candeia. Seus filhos ficaram sabendo sobre o projeto na escola e agora fazem parte de um grupo de nove mulheres beneficiadas por meio dele.

Esse projeto mencionado é o Programa REDD Cerrado, uma iniciativa da Ecosystem Regeneration Associates (ERA Brazil), empresa voltada para o desenvolvimento de impactos positivos, créditos de carbono e biodiversidade. Veranice ficou surpresa ao descobrir que, com o projeto, teria um ganho aproximado de R$100 por dia através do processamento do açafrão. Além da remuneração diária, as mulheres ainda recebiam 20% das vendas do açafrão, o que facilitou muito para elas.

O intuito do programa é fomentar a agricultura sustentável e proporcionar renda para a população local, especialmente para as mulheres, por meio de um crédito de carbono premium. Adicionalmente, a ERA Brazil ainda emite “créditos de empoderamento feminino”.

Iniciativas como a da ERA Brazil, focadas na produção sustentável e no empoderamento feminino, estão ganhando destaque na cadeia produtiva do cacau.

Luciana Dias, uma agricultora em um assentamento em Uruçuca (BA), relata que, há quatro anos, mudou-se da área urbana para a rural. Atualmente, ela gerencia sete hectares de cacau cabruca no assentamento e em breve planeja comercializar mel e produtos derivados da meliponicultura com abelhas da espécie uruçu, que não possuem ferrão e são comuns na região.

A ONG Tabôa, com apoio do Instituto Arapyaú, do Grupo Gaia e do Instituto Humanize, oferece na Bahia o Programa Microcréditos de Cacau, com o propósito de melhorar a qualidade de vida das famílias produtoras desse produto.

Em 2020, o programa expandiu com a captação de R$1,4 milhão por meio de um Certificado de Recebível do Agronegócio (CRA) verde. Os produtores que solicitam empréstimos podem utilizar o dinheiro de acordo com suas necessidades, mas em geral, destinam os recursos para insumos, adubos e equipamentos para a plantação.

Vinícius Ahmar, gerente de Estratégia para Desenvolvimento Sustentável do Instituto Arapyaú, afirma que, no projeto piloto, houve um acréscimo de mais de 30% na renda das famílias participantes, com algumas alcançando um diferencial de até 50% a mais para vender às marcas reconhecidas, devido ao aumento da produtividade e ao prêmio pago pelo mercado pela qualidade do cacau.

Karine Araújo, coordenadora do Programa de Desenvolvimento Territorial da Tabôa, destaca que desde 2019 foram realizados desembolsos de R$6 milhões em quase 600 operações, com uma taxa de inadimplência inferior a 1%. A capacitação é fornecida juntamente com o crédito, o que contribui para os agricultores aplicarem os recursos de maneira mais eficaz para melhorar a produção e incrementar a renda.

A produtora de Uruçuca expressa sua gratidão pelo projeto, mencionando a visita técnica à área para ajudar a decidir onde investir o dinheiro visando o maior retorno financeiro. Ela relata não ter enfrentado dificuldades no pagamento, devido ao prazo favorável de seis meses de carência e ao retorno rápido proporcionado pela orientação recebida sobre como investir de forma eficiente.