O ano de 2024 se mostra desafiador para a cadeia produtiva do leite, segundo análise do Centro de Inteligência do Leite da Embrapa (CILeite). Com cenários geopolíticos complexos, como os conflitos entre Rússia X Ucrânia e Israel X Palestina, além de instabilidades econômicas globais, produtores e laticínios enfrentam um ambiente incerto.

De acordo com o analista José Luiz Bellini, as perspectivas não são favoráveis para o setor, que continua enfrentando exclusões de produtores menos eficientes e pequenos laticínios, uma tendência observada nos últimos anos.

No cenário internacional, as importações chinesas recuaram, mantendo os preços internacionais do leite estáveis, porém abaixo da média histórica. O analista destaca que a produção de lácteos dos maiores exportadores também tem sido afetada, refletindo um quadro desafiador.

Apesar do bom desempenho econômico interno, com crescimento do PIB e controle da inflação, o consumo de lácteos permanece baixo no Brasil. O pesquisador Glauco Carvalho ressalta que a fraca demanda interna compromete a rentabilidade dos produtores, que enfrentam preços de venda insuficientes para cobrir os custos de produção.

A queda na produção nacional é agravada pelo aumento das importações, especialmente durante a entressafra, quando os preços ao produtor são mais atrativos. Carvalho enfatiza que, apesar da desvalorização do leite nacional, as importações continuam sendo estimuladas pela competitividade externa.

No mercado interno, os preços dos derivados lácteos tiveram uma desvalorização ao longo do ano, impactando tanto produtores quanto indústrias. O leite UHT caiu 18,6%, enquanto a muçarela teve uma redução de 15,6%.