Acumulado dos últimos dias supera em oito vezes a expectativa para o mês de maio
Recentemente, os municípios do Rio Grande do Sul foram atingidos por mais de 800 milímetros de chuva, de acordo com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Esse valor é quase oito vezes maior do que a média histórica esperada para todo o mês de maio na região, que é de 112,8 mm.
Essas chuvas intensas causaram a maior tragédia climática do Estado, resultando em 90 mortes e 131 pessoas desaparecidas, de acordo com informações da Defesa Civil. As tempestades também provocaram a queda de pontes, destruição de ruas, casas e estabelecimentos comerciais em 397 cidades diferentes.
Segundo Willians Bini, meteorologista e Chief Climate Officer (COO) da FieldPRO, o maior impacto das chuvas intensas foi na questão hidrológica, pois os rios inundaram as cidades gaúchas sem dar tempo suficiente para a drenagem da água.
Estael Sias, meteorologista sócia na MetSul, destacou que o relevo acentuado das regiões atingidas contribuiu significativamente para a tragédia, pois a água desceu com grande velocidade, formando correntezas que destruíram tudo em seu caminho.
A combinação de El Niño, umidade da Amazônia e onda de calor no Sudeste e Centro-Oeste foi responsável pelas enchentes, embora o El Niño tenha enfraquecido e dado lugar à La Niña no segundo semestre de 2024. Esses fatores climáticos influenciaram diretamente nas chuvas excessivas que castigaram o Rio Grande do Sul.
Devido a esses eventos extremos, a previsão do tempo já alertava para o risco no Rio Grande do Sul, mas a intensidade das chuvas superou todas as expectativas. Os danos não se limitaram apenas à intensidade da chuva, mas causaram grandes impactos sociais, considerando o aumento populacional em comparação com a década de 40.
Assim, a especialista da MetSul destaca que o ano de referência para tragédias climáticas no Estado passará de 1941 para 2024, devido às múltiplas consequências social causadas por esse evento climático extremo.