Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul sofre impactos da enchente em Porto Alegre
Após três dias de operação provisória em um centro de distribuição em Gravataí, região metropolitana de Porto Alegre (RS), a Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa/RS) informou à reportagem que estima ter comercializado mais de 800 toneladas de produtos, sem enfrentar desabastecimento.
Os números finais de comerciantes e toneladas de alimentos comercializadas estão sendo apurados de forma manual e devem ser divulgados até a manhã de sábado (11/05). Devido às enchentes, a sede da Ceasa inundou e os computadores com o histórico de vendas estão comprometidos. Enquanto isso, servidores tentam recuperar os arquivos digitais e fazer o mapeamento da operação provisória.
A entidade afirmou também que não precisou solicitar apoio de outras Ceasas estaduais para o fornecimento de alimentos frescos ou secos. No entanto, está aberta para este auxílio se necessário, inclusive do Estado vizinho, Santa Catarina.
"No momento, em conversa com produtores e pelo balanço que está sendo feito, a única coisa que está vindo de fora do Rio Grande do Sul são tipos de mamão, abacaxi e banana, que são trazidos de outras regiões produtoras para abastecer a demanda gaúcha antes das enchentes”, detalhou a entidade.
Por outro lado, a Ceasa/RS não descarta a possibilidade de alguns fornecedores gaúchos, receosos de desabastecimento, comprarem de forma independente para reabastecer as gôndolas de supermercados, lanchonetes, feiras e verdureiras.
Esta semana, a Ceasa de São José, localizada na região metropolitana da capital Florianópolis, divulgou que registrou a compra de 450 toneladas de frutas e hortaliças por parte de fornecedores gaúchos. Essa transação ocorreu entre segunda (6/5) - quando a operação da unidade gaúcha estava paralisada - e quinta-feira (9/5). Os produtos foram transportados em cerca de 30 caminhões, de acordo com Emerson Martins, diretor-técnico da Ceasa/SC.
“Os caminhões começaram a chegar ainda no domingo à noite. Liberamos a entrada para que usassem o banheiro, por exemplo, e identificamos que eram compradores do Rio Grande do Sul, pois a Ceasa deles ficou debaixo d’água. E na segunda-feira notamos um movimento fora do comum”, relatou à reportagem.
A maioria dos clientes são de cidades do litoral gaúcho que não foram afetadas pelas chuvas intensas e devem retornar na próxima semana, devido à previsão de chuvas neste final de semana no Rio Grande do Sul, acredita Martins.
"Já estamos nos preparando para aumentar a quantidade de produtos para abastecer Santa Catarina e continuar dando suporte ao Rio Grande do Sul nesse momento”, acrescentou ele. Atualmente, a central catarinense possui mais de 1 mil produtores cadastrados e de 250 a 300 espaços para a comercialização de frutas e hortaliças.
Mesmo enfrentando dificuldades logísticas, a operação provisória da unidade gaúcha espera manter o fluxo de comercialização sem problemas, com uma maior participação de produtores e comerciantes que, à medida que as estradas forem liberadas, conseguirão chegar até Gravataí.
“O abastecimento está normalizado. E o aumento nos preços controlado. As folhosas, que têm ciclo curto, foram as mais afetadas e tiveram 30% de aumento nos valores”, complementou o boletim desta sexta-feira divulgado pelo órgão.
Em relação às frutas produzidas no Estado, o aumento nos preços foi pontual. Por exemplo, a maçã fuji foi vendida por R$ 5,27 o quilo, mesmo valor praticado no dia 30/04, antes das enchentes. Já a variedade “red delicious” teve uma leve valorização de 3,74% no período semanal, passando de R$ 9,89 para R$ 10,26.
Apesar das dificuldades logísticas, os produtores de maçã do Rio Grande do Sul têm se esforçado para evitar a falta do produto. A Associação Brasileira dos Produtores de Maçã destaca que a logística de transporte está comprometida devido aos bloqueios em diversas vias, exigindo esforços adicionais em locais como Caxias do Sul e Vacaria, município onde está concentrada a produção estadual de maçã.
"O grande desafio está na infraestrutura rodoviária, concentrando-se nas principais vias de escoamento, como a Rota do Sol e a BR-116”, indica o comunicado da entidade.
Apesar das perdas significativas em algumas áreas, vale ressaltar que grande parte da produção nacional de maçã já foi colhida, totalizando cerca de 97% concluída. A Ceasa/RS até o momento não registrou falta do alimento nessas últimas dias de comercialização.