O cotidiano na produção de papel: como é o dia a dia na fabricação das folhas
No Dia do Produtor de Tabaco, comemorado nesta sexta-feira, 28 de outubro, o blog Empreendedores do Campo busca explicar (para aqueles que não estão familiarizados com o setor) como é a rotina na produção das folhas. Para isso, conversamos com o agroinfluencer Giovane Weber, que se tornou popular ao compartilhar nas redes sociais aspectos do trabalho em sua propriedade produtora de tabaco. De acordo com ele, o tabaco é uma cultura que proporciona renda satisfatória e qualidade de vida para aqueles que possuem pequenas áreas de terra. Além disso, os produtores são reconhecidos pela diversificação, preservação das florestas, cuidado com o solo e respeito ao meio ambiente. Confira a seguir a entrevista com o agroinfluencer que já conta com 557 mil seguidores no Facebook e Instagram.
No mês de dezembro, o setor do tabaco celebra a inauguração da colheita. Este é, sem dúvida, o momento mais importante da safra, porém também representa um período de intenso trabalho. Qual é a sensação nesse momento?
Giovane Weber: Durante muitos anos, costumávamos acompanhar a abertura da colheita de outras culturas, como milho, soja e arroz. O tabaco, cultivado há mais de um século no Brasil e de grande importância econômica no Sul do país, só teve sua abertura oficial da colheita recentemente. Portanto, quando o governo do Rio Grande do Sul iniciou, em 2017, o evento oficial, mesmo que de forma simbólica, como produtor de tabaco, senti-me bastante satisfeito. A cerimônia de abertura da colheita também ajudou a valorizar e a dar mais destaque na mídia à importância da cultura do tabaco, o que é muito positivo.
Você acha que os produtores têm se preocupado mais com os cuidados na hora da colheita, utilizando vestimentas adequadas? O que destacaria como cruciais para o sucesso da colheita no que diz respeito à saúde e segurança?
Giovane Weber: Faço parte de uma geração que testemunhou a atuação dos avós na lida com o tabaco. Percebo que a modernidade chegou em todos os aspectos. Todas as culturas apresentam aspectos positivos e negativos, e é preciso saber filtrar o que é mais vantajoso fazer. Hoje, contamos com vestimentas apropriadas, presença nas redes sociais, modernidade e maquinários que facilitam nosso trabalho na fumicultura. Observo que o produtor consciente se cuida, pois almeja desfrutar de uma aposentadoria saudável no futuro. Essa mentalidade é válida para todas as profissões ligadas à agricultura: é essencial ter a consciência de se proteger e de cuidar da saúde.
Em algumas propriedades, o cultivo do tabaco é transmitido de geração em geração. Isso também ocorre com você?
Giovane Weber: Sim. Na nossa propriedade, estamos na terceira geração dedicada à cultura do tabaco. Meus pais ainda estão envolvidos com a fumoicultura, e meus avós, tanto do lado paterno quanto do materno – que já faleceram –, sempre trabalharam com tabaco e conseguiram criar seus filhos nesse contexto. Minha esposa também vem de uma família com várias gerações ligadas ao tabaco.
Percebe alguma mudança na forma de cultivo do passado para os dias de hoje? Como as tecnologias e técnicas de cultivo contribuem para simplificar o trabalho?
Giovane Weber: É evidente a presença da modernidade na cultura do tabaco. Antigamente, meus pais conseguiam plantar de 25 a 30 mil pés de tabaco. Atualmente, uma família consegue plantar de 50 a 60 mil pés. Embora os custos tenham aumentado devido ao uso de mais maquinários, conseguimos trabalhar com muito mais facilidade. O preparo dos canteiros hoje é mais simples, o plantio é feito com máquinas, eliminando a necessidade de curvar-se, a colheita e a secagem em estufas são muito mais práticas, e até o preparo do solo é diferente. Portanto, lidar com a cultura do tabaco hoje é mais cômodo devido às técnicas desenvolvidas pelas indústrias e aos experimentos realizados pelos agricultores. No entanto, é crucial ter o cuidado para não exagerar, pois, mesmo com toda a tecnologia, o trabalho com o tabaco ainda exige esforço manual. Ao contrário dos grãos, em que uma pessoa com máquinas pode trabalhar sozinha em grandes extensões de terra, no tabaco, ainda é necessário o trabalho manual, apesar de toda a modernização.
Quais meses do ano são dedicados à cultura do tabaco e quando a atenção se volta mais para a diversificação de culturas?
Giovane Weber: Em nossa propriedade, lidamos o ano todo com diversas culturas. No caso do tabaco, o preparo dos canteiros tem início em abril, seguido dos tratos culturais, o plantio na lavoura acontece do final de julho ao início de agosto. A colheita começa em outubro ou início de novembro, encerrando em dezembro ou início de janeiro. Embora esses períodos sejam mais focados no tabaco, alternamos os dias de trabalho entre o tabaco e outras culturas, como batata, mandioca, milho, feijão, hortaliças e criação de animais. Existem também épocas do ano, principalmente de janeiro a abril, em que nos dedicamos com mais intensidade à variedade de culturas, ao preparo do solo e à colheita dos grãos.
O que você destacaria como fatores que motivam os produtores a continuar cultivando tabaco?
Giovane Weber: O primeiro fator é a área de terra limitada. Mesmo em propriedades com pequenas áreas cultiváveis, é possível garantir a sustentabilidade por meio de um bom planejamento com o tabaco. Por exemplo, em nossa propriedade de 11,5 hectares, apenas oito hectares são destinados ao plantio. Neste ano, pretendemos utilizar apenas quatro hectares para o tabaco, reservando os outros quatro para outras culturas, especialmente alimentos. Com esses quatro hectares, conseguimos sustentar financeiramente duas famílias – a minha (com esposa e filha) e meus pais. Para propriedades maiores, onde é viável o uso de máquinas, o cultivo de grãos tem se destacado devido à valorização. No entanto, propriedades menores são sim sustentáveis graças à cultura do tabaco, e acredito que essa realidade não vai mudar.