A partir de agora, os frigoríficos de frangos de corte que operam sob o Sistema de Inspeção Federal (SIF), do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), estão implementando um novo procedimento inovador para identificar de forma mais eficaz os riscos de contaminação da carne por microrganismos durante o abate. Esse avanço foi resultado de uma pesquisa da Embrapa Suínos e Aves (SC) e passa a fazer parte dos autocontroles realizados pelos frigoríficos.

O novo procedimento consiste no monitoramento microbiológico do desempenho higiênico-sanitário do processo de abate, com ênfase em indicadores de limites para a Enterobacteriaceae, bactérias presentes no trato gastrointestinal dos animais. Essas bactérias são cruciais para a avaliação da qualidade higiênico-sanitária do processo de abate e podem indicar a presença de Salmonella spp, uma das principais razões para a condenação de carcaças nos frigoríficos, conforme informações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

A Portaria SDA/MAPA Nº 1.023, publicada em 29 de fevereiro, oficializou o novo procedimento, que se aplica aos abatedouros frigoríficos registrados no SIF. De acordo com a Embrapa, cerca de 5,99% das aves abatidas são condenadas devido a alterações ou contaminações, sendo destinadas à produção de produtos não comestíveis.

Essa condenação é baseada na avaliação prévia e posterior à morte do animal, considerando alterações físicas que classificam a carcaça como parcialmente ou totalmente condenada, representando 85% e 15% respectivamente do total de condenações. As principais causas de condenação durante o abate de frangos registradas pelo SIF são contaminações gastrointestinais, com 26,2% de incidência, seguidas por lesões traumáticas (24,8%), lesões de pele não específicas (13,3%) e outras causas (35,7%).

O pesquisador da Embrapa, Luizinho Caron, líder do projeto "Revisão e modernização do Sistema de Inspeção Federal de abatedouros de aves", destacou que nos frigoríficos brasileiros as partes contaminadas são removidas pelo Serviço de Inspeção, juntamente com a eliminação de qualquer contaminação visível no Ponto Crítico de Controle. A aplicação desses procedimentos proporciona uma redução nas condenações de carcaças, pois avalia efetivamente os riscos à saúde.

A definição dos limites para essa avaliação foi estabelecida com base em dados coletados e validações realizadas em vários frigoríficos brasileiros, em uma colaboração entre a Embrapa, o Mapa, universidades públicas e o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Essa medida representa um avanço importante na garantia da qualidade e segurança alimentar no processamento de carne de frango no país.