Decreto federal gera insegurança jurídica entre os produtores rurais.

Alerta da HBS Advogados sobre publicação do Ministério do Desenvolvimento Agrário

Decreto federal gera insegurança jurídica entre os produtores rurais.

Recentemente, um decreto federal gerou preocupação entre os proprietários de terras, pois instituiu o Programa Terra da Gente e tratou da inclusão de imóveis rurais na Política Nacional de Reforma Agrária. Esse programa tem como objetivo adquirir e disponibilizar terras para a reforma agrária, abrangendo beneficiários de territórios quilombolas e comunidades tradicionais.

Dentre as formas de obtenção de imóveis rurais previstas nesse decreto estão a desapropriação por interesse social para reforma agrária e distribuição de terra, expropriação de propriedades com trabalho em condições análogas à escravidão, arrematação judicial de imóveis penhorados, aquisição mediante autorização judicial e adjudicação em execuções de débitos federais. Além disso, a desapropriação por interesse social para reforma agrária será realizada de acordo com a legislação vigente, em caso de descumprimento da função social da propriedade, conforme normas do Incra.

O advogado Frederico Buss ressalta que a Constituição determina que as regras para desapropriação por necessidade, utilidade pública ou interesse social devem ser estabelecidas por lei, não por decreto. Ele destaca também a necessidade de regulamentação específica para propriedades produtivas, principalmente após decisão recente do STF. O não cumprimento das normas ambientais e trabalhistas pode resultar em responsabilização, mas não em desapropriação.

O decreto prevê a possibilidade da União e do Incra arrematarem judicialmente imóveis rurais penhorados, inclusive em casos de dívidas federais tributárias. Segundo Buss, esse decreto traz incertezas jurídicas e coloca em cheque o direito de propriedade, desafiando princípios constitucionais. Ele defende que cabe ao Legislativo, de acordo com a Constituição, regulamentar essas questões de forma a garantir os direitos fundamentais dos cidadãos.