Agricultores familiares solicitam apoio na recuperação de suas atividades
O produtor Mauro Gilberto Soares, que possui uma pequena propriedade na área rural de Cruzeiro do Sul, lamenta que, com a quarta enchente em um ano, não há como voltar. Ele relata os estragos maiores desta vez, incluindo a perda da maioria dos animais, com exceção de um porco e um leitão. Mauro, que sempre viveu no local, não pretende retornar, pois lembra da agonia dos animais na água, situação em que nada pôde fazer por eles.
Sobrevivendo com ajuda da família e vizinhos no forro da casa, Mauro tentou salvar parte dos animais, mas apenas o porquinho conseguiu se salvar ao subir em um telhado que não ficou submerso. Sua produção de agricultura familiar e subsistência envolvia vacas matrizes e porcos moura, com destaque para a venda dos terneiros e de exemplares da raça moura.
Para cobrir despesas urgentes, Mauro planeja plantar aipim em terra arrendada assim que a chuva cessar. Ele considera retornar à criação de porcos moura devido aos pedidos recebidos. Agradece por não ter outras dívidas, além dos equipamentos da propriedade, e por ter a moradia como herança da esposa.
Os estragos causados pelas chuvas no Rio Grande do Sul afetaram não só a propriedade de Mauro, mas também muitos pequenos produtores em diferentes regiões, com propriedades destruídas, plantações inundadas e animais mortos. As ações emergenciais, realizadas pela Comissão Pastoral da Terra, visam oferecer abrigo, comida, roupa e atendimento à saúde dos desabrigados, que enfrentam uma situação caótica.
Ainda sem acesso em muitas localidades devido às estradas danificadas, não há um levantamento preciso do número de agricultores atingidos pelas chuvas. A região do Vale do Rio Pardo e do Vale do Taquari foi uma das mais afetadas, com mais de três enchentes consecutivas. A pastoral busca auxiliar os pequenos agricultores, ouvindo-os, oferecendo suporte e distribuindo kits de sementes para o reinício das plantações.
A preocupação se estende ao pós-desastre, com a necessidade de realocar as famílias que perderam tudo e precisam de terra. A renegociação de dívidas e o apoio financeiro são essenciais para que os pequenos agricultores possam recomeçar. A solidariedade e o esforço conjunto são fundamentais para enfrentar a situação no Rio Grande do Sul.