Equipe usa mutações para investigar questões fundamentais de forma inovadora
Os tomates são um alimento essencial em dietas ao redor do mundo e uma parte crucial da agricultura sustentável. Cientistas do Boyce Thompson Institute (BTI) divulgaram uma mutação de tomate conhecida há muito tempo, que tem o potencial de aprimorar a qualidade da fruta e sua resistência ao estresse.
"A curiosidade inicial em torno de um mutante intrigante se transformou em uma descoberta potencialmente revolucionária para a agricultura sustentável", declarou Carmen Catalá, pesquisadora principal da BTI e professora associada na Escola de Ciências Integrativas de Plantas na Cornell.
Publicada no Journal of Experimental Botany, a pesquisa se dedicou a desvendar o mistério por trás de um tomate mutante chamado "adpressa", identificado pela primeira vez na década de 1950 devido à sua peculiaridade em não sentir a gravidade. Estas plantas geralmente crescem rente ao solo, daí seu nome que enfatiza sua característica de se manter plana e aderida ao solo.
A equipe liderada por Catalá, com a participação dos pós-doutorados da BTI Philippe Nicolas e Richard Pattison, investigou a modificação genética específica que causa esse efeito fascinante, revelando que a mutação impede a síntese de amido, uma forma de armazenamento de açúcar.
Além disso, ao usar a mutação para explorar aspectos fundamentais da biologia da fruta, a equipe descobriu ajustes transcricionais e metabólicos significativos, tais como níveis elevados de açúcares solúveis e um crescimento ampliado. Notavelmente, observaram também uma resistência total à podridão apical (BER), distúrbio fisiológico que deteriora as membranas celulares dos frutos, resultando em uma região seca, preta e afundada na base dos tomates.
"Nossas descobertas com o mutante adpressa são bastante promissoras. Contrariando expectativas, a falta de amido não afetou o desenvolvimento e amadurecimento do fruto. Pelo contrário, os frutos adpressa se revelaram um pouco maiores e acumularam mais açúcares durante o crescimento. A resistência à podridão apical é a descoberta mais marcante. Estes achados abrem novas possibilidades para melhorar tanto a produção quanto a qualidade das frutas, especialmente em condições ambientais desafiadoras", afirmou Nicolás.