Uso excessivo de alimentos ultraprocessados prejudica digestão de vegetais

Adaptação e diversificação de organismos em relação à evolução da dieta humana: estudo aponta favorávelmente.

Uso excessivo de alimentos ultraprocessados prejudica digestão de vegetais

Uma descoberta recente, publicada na revista Science, revelou que bactérias capazes de degradar celulose, o componente principal das células vegetais, foram encontradas no intestino humano. Anteriormente, essa habilidade era atribuída apenas aos ruminantes, que possuem sistemas digestivos complexos para extrair calorias da celulose. No entanto, a pesquisa mostrou que essas bactérias também habitam os intestinos humanos.

O estudo indica que esses organismos passaram por adaptações e diversificações relacionadas à evolução da dieta humana. Ao longo do tempo, adquiriram genes de outros micróbios intestinais. Essas espécies são abundantes em humanos antigos, primatas não-humanos e populações rurais, representando de 20% a 40% do microbioma intestinal. No entanto, em áreas urbanas, sua presença é significativamente menor, muitas vezes inferior a 5%. Essa diferença sugere que a redução dessas bactérias está ligada ao estilo de vida ocidental e à dieta rica em alimentos processados, enquanto as populações rurais mantêm uma alimentação tradicionalmente rica em vegetais.

Além de desvendar esse fascinante aspecto da microbiota intestinal, a pesquisa levanta questionamentos sobre a saúde metabólica das populações urbanas. A escassez dessas espécies pode estar contribuindo para o aumento de problemas metabólicos. No entanto, os resultados oferecem uma perspectiva positiva ao sugerir a reintrodução ou enriquecimento dessas espécies no intestino humano através de probióticos, utilizando cepas presentes em ruminantes e primatas não-humanos.