Recentemente, um estudo revelou a crescente ligação entre as mudanças climáticas e a preocupante brusone, uma devastadora doença fúngica que tem afetado as plantações de trigo. Os resultados do estudo alertam para os impactos atuais e futuros desse problema, indicando que a doença já representa uma grande ameaça para cerca de 6,4 milhões de hectares de terra. Além disso, prevê-se que até 2050, as mudanças climáticas poderão piorar a situação, colocando em risco aproximadamente 13,5 milhões de hectares de terras agrícolas em todo o mundo.

A brusone do trigo é apontada como um fator significativo capaz de reduzir a produção global de trigo em até 13%. No entanto, o estudo adverte que outros efeitos resultantes das mudanças climáticas poderão causar quedas ainda mais drásticas na produção agrícola.

A pesquisa teve como foco países com áreas dedicadas ao cultivo de trigo, abrangendo 86 nações em seis continentes: África, América do Norte, América do Sul, Europa e Ásia.

Os resultados evidenciam a América do Sul e a África como as regiões mais suscetíveis à brusone do trigo em cenários climáticos futuros. A equipe de pesquisadores, formada pelo Instituto Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo (CIMMYT), Corporação Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Universidade da Flórida, Instituto Internacional de Pesquisa em Política Alimentar e Universidade Técnica de Munique, alertou que até 75% da área plantada de trigo nessas regiões poderá estar em perigo até 2050.

A brusone do trigo é uma doença fúngica que atinge áreas quentes e úmidas de produção de trigo, causada pelo patógeno Magnaporthe oryzae patótipo Triticum (MoT). Esse patógeno pode resultar em perdas totais para os produtores de trigo durante os surtos da doença. Por exemplo, a presença da doença foi registrada em 70 municípios do Estado do Paraná, Brasil, ocasionando perdas de até 100% nos rendimentos em campos comerciais no ano de 1987.